segunda-feira, julho 12, 2021

A pracinha

A pracinha tão bonitinha

Cheia de flores, de jardim

De cuidados especiais.

Idosos falantes reunidos,

Cães bem alimentados,

Crianças alegres e banhadas.

 

Pais e mães zelosos as vigiam.

O balanço funciona sem parar.

Revezamento de crianças.

Algumas babás as acompanham.

As crianças menores e as mães,

Vizinhos se cumprimentam.

 

Às vezes jogam conversa fora.

Bicicletas e atletas se ultrapassam.

Alguns estacionam e passeiam.

Outros vão à padaria lanchar.

Tem até ioga no tapetinho

bem cedinho da manhã.

 

Todos se divertem de manhã, 

de tarde e de noite (até às 20h).

É tão democrática a pracinha.

Tem tanta sombra, tanto pássaro,

tanta grama, nem tem mato.

O caramanchão de lá é lindo.

 

Às 20h01 (é quase um exagero), 

Bem educadas, olham para a direita

e esquerda, algumas ainda no colo.

São as crianças pobres pretas

pedindo licença a um suposto dono

da pracinha bem cuidada.

 

Sobem na casinha de madeira,

escorregam, algumas se balançam

outras preferem a gangorra. 

Estavam na calçada, no sinal.

Pediam dinheiro e comida alguns

instantes antes das oito da noite.

 

Entram como se não tivessem direito.

Nos bancos da pracinha,

as mães tornam-se rainhas.

Elas descansam enfim,

longe do perigoso olhar medroso,

sem chance de serem confundidas.

 

Alegres conversam entre si, 

as mães e pais das crianças pobres.

São ex-pedintes do semáforo, 

Muitas sem registro ou endereço.

Fazem um lanche compartilhado

Nas mesas para jogar xadrez.

 

Depois de lanchar na padaria,

Às 20h40, atravesso a pracinha

assistindo ao apartheid diário.

Vejo ali a liberdade e a prisão

A sorte deles e a minha sorte

Embaixo da copa das árvores.


sexta-feira, maio 28, 2021

Ela

Estou esperando.
Esperando.
Esperando.

Como sei que nada vai acontecer.
Espero.
espero.
espero.

Estou parada aguardando.
Aguardando.
aguardando.

Como sei que nada vai acontecer.
Espero.
espero.
espero.

Quando der dez e meia vou tomar um remédio.
E dormir para acordar amanhã e esperar, esperar, esperar.

Ela me disse que eu posso fazer algo que eu quero.
Ela esqueceu de que o que eu quero depende não apenas de mim.

Ela disse que eu tenho meu destino nas mãos.
Cabe a mim decidir. Eu não tenho como decidir. Eu só posso aceitar ou esperar.
O que eu poderia fazer eu já fiz.

Eu acho que ela é uma pessoa muito egoísta. Eu não gosto muito dela. Eu sei que a gente não precisa gostar das pessoas. 

Tudo

A impressão é que tenho todas as palavras. Poderia usá-las para construir qualquer texto. Posso elencar temas diversos. Correr as páginas dos jornais, classificar temas em política, ética, economia, cultura, cidades. Escolheria qualquer um, a sorteio. Escreveria com as minhas palavras a minha opinião. Eu tenho opinião. E minha opinião é tão afiada, pontiaguda, certeira. Tive tantas dúvidas até aqui. Quis tanto conhecer tantos assuntos. Entender teorias difíceis da linguística à física. Achei que poderia mas jamais acreditei que alcançaria. Nunca imaginei que teria todas tão fáceis na ponta da língua. Todo o mistério do mundo agora é um amontoado de três peças, simples, planas, rasas. Não há muito o que questionar. As respostas que busquei estão aí escancaradas, expostas diante de mim e de qualquer um. Todas as palavras que dissemos, que ouvimos, que lemos e que escrevemos. São elas que tão rapidamente nos permitem entender "en un plis plas".

A vaidade.

Dizem que alguns de nós querem trabalhar pelo social. Sugere-se que estejamos reunidos para lutar contra o capital.

it hurts me

 it hurts me

Debochar o passado não lhe permite esquecê-lo.

O passado lhe escancara seu fracasso
e sua incapacidade.

Meu sentimento de revolta sempre foi alimentado
pela sua hipocrisia.

Você se revolta com a falta de delicadeza
Acredita numa vítima
E investe

Não há razão para me tirar a palavra.

Já entendo porque não precisa ser tratado
com tanta clareza.

Falta-lhe interesse para perceber-se.

Sua meta não é você mesmo nem os seus.
Você precisa simplesmente fugir de si mesmo.

Em que depressão tão profunda
Você se meteu

Como permitiu que lhe tomassem a vida?
Não posso permitir que me tome
A minha e a do meu bem mais precioso

Quando se trata de gente
Prefiro eu mesma tratar deste assunto


Please believe me

No fim do dia do começo da semana de preparação do trabalho de pesquisa do grupo de estudo das instituições de pesquisadores do processamento da linguagem dos seres humanos dos países de língua latina e anglo-saxã.

No fim do dia do começo da semana, o sono aniquilila a recursividade.

Como posso compreender um sentimento sem nome?

Em busca das marcas físicas do sentimento.

Este ano meu repertório de sentimentos ganhou um exemplar sem nome. Não sei se ingenuidade minha mas não sabia sequer conceber algo parecido antes de senti-lo. Não se trata de amor, ou de um amor maior do que jamais provei, tampouco se trata de raiva, ou de uma raiva maior do que jamais provara. Isso mesmo, não se trata de um sentimento com nome, universal, com um comportamento previsível. O sentimento que experimentei este ano é mesmo difícil de explicar. Não pode ser um misto disso e daquilo, porque não é. O que senti não é parecido com prazer nem com alegria. Não é ódio ou compaixão. Experimentei um sentimento novo, sem descrição. Procuro o gosto desse sentimento na boca. Tento perceber por onde saliva minha língua. Não sei dizer, parece que é lateral. Procuro o sentimento também na barriga. Tento perceber se está cheia, vazia, com fome, doída, mas a minha barriga não responde. Está vazia parece, mas não tem fome. Também procuro o sentimento no sono. Como anda meu comportamento no sono. Se deitar eu durmo, é até um prazer. Mas se quiser passar a noite em claro, sentindo essa minha experiência nova, eu posso. Parece que não é um sentimento relacionado ao sono. Não está fácil de decifrá-lo. Procuro o sentimento na minha paciência. Ah, minha paciência. Parece que ela está afetada. Não sei se afeta a paciência ou se é a paciência que afeta esse sentimento novo. Mas o sentimento novo é impaciente. Procuro então em mais lugares, já que a busca parece me levar a uma rota interessante para descrevê-lo. Onde mais posso procurar meu sentimento? Procuro-o na minha criatividade. Ele não parece reagir. Procuro-o na minha preguiça. A preguiça parece se contaminar. Ela ganhou um aliado, talvez. Rapidamente procuro-o também na minha disposição de viver. O sentimento está lá, na minha disposição de viver, mas ele ao mesmo tempo que me empurra à vida, também me tira dela, me afasta, me pára. A minha disposição de viver e a minha paciência parece que estão bem relacionadas a esse sentimento novo.

Mario

Me dirias que guardo un hueco aquí dentro para tí
Hueco lleno de añoranza es este
No sé si te echo de menos o si no me conformo
Ya no estás ahí, no te puedo llamar para comentarlo
aquí dentro estás grande y vivo

Ayer tu nombre estaba escrito dentro de un libro
Un chico lo llevava con dos manos
¡Vaya libro más grande en el que estás!
Mi idea primera fue hablar con el desconocido
Decirle: ¡Déjame hojear tu libro, por favor!

No lo hice. Todo lo que haria seria buscar tu nombre
En letras negras sobre una página blanca
Pero me acercaria de ti no sé muy bien como
Estaria contigo donde trabajo yo
Te sujetaria por un momento y me enteraria de ti

Anoche soñé contigo. No vi tu nombre, pero vi tu rostro
Vivo, hablante, lleno de energía
Estabas de camisa blanca, un poco gordito como solias ser
me encantaba estar a tu lado, oirte solo oirte
No sabias decir tonterias, no sé si genial te describe

en un momento, decía a esa persona en camisa blanca
te pareces a él, hace cuatro años que se fué
me gusta estar contigo porque te pareces a él
lloré tanto tanto tanto que me desperté llorando
y sigo llorando tu falta y tu presencia en este hueco

Sem reflexo

Não reflete
É evidente
Não engana
É patente

Não gera
É coxo
não causa
É chocho



í

A vida num átimo

íntimo no último
ímpeto no púlpito
híbrido no júbilo
íntegro no súbito


Toujour une pierre

Vous n'êtes qu'une pierre dans le milieu de mon chemin. Et, est-ce que vous savez ce que je fais avec une pierre dans le milieu de mon chemin? Moi, moi, moi?! Je l'écrase.

Seis de abril

Minha casa fica de costas
para o cruzeiro do sul.
À medida que a noite adentra
Fica distante.
 
A sua fica de frente?
Quão distante está da minha?
 
O vento alto no céu
Essas nuvens esgarçadas
Minha visão difusa
É céu ou nuvem, é céu ou nuvem.
 
As estrelas sobre o fundo cinza
Azul escuro na minha fantasia
Imagino para onde você olha
 
Em direção ao norte.
O cruzeiro do sul nas suas costas. 
Uma saudade sem dia para acabar.

sexta-feira, outubro 23, 2020

We are a fractal

There are people that go through an entire lifetime without the responsibility of feeding another life, with food, with love, with knowledge and with education. We have the necessity to feed other versions of us. During the period of a single life, we become versions of ourselves, our latest version is derived from the previous ones, and when we fructify, in several ways, we multiply infinitely versions of ourselves. What, in life, we search in terms of security is infinity.

segunda-feira, dezembro 09, 2019

Raul

Amanhã você faz dezoito anos. É um dia-símbolo. Você me disse hoje pela manhã. Mamãe, vou ter de me alistar, tirar título de eleitor e ainda posso ser preso. Tem vantagem? A vantagem é você. Aproveito para relembrar de muito do que vivemos nesses anos. Lembro ainda do dia em que descobri que estava grávida. Era 21 de fevereiro de 2001. Cheguei em casa sorrindo, contando para minha mãe e sentindo a felicidade prévia de tudo o que ainda iria viver. Não duvidei disso. Era uma força tão grande. Um tsunami. Eu não tinha medo. Eu não tinha emprego, não tinha casa, não era casada, estava de mudança para o Rio de Janeiro para cursar um mestrado na Gávea. E eu, eu não tinha medo. Tinha um quarto para compartilhar e depois de quinze dias já não o teria mais, mas não tinha medo. Cheguei no Rio, você tinha quatro semanas no meu ventre. Morei em Laranjeiras na casa de um amigo, depois dividi apartamento com minha amiga Vanessa e meu amigo Gustavo, depois aluguei uma casa no Catete, com o Oscar, seu pai, onde vivemos dias de muita alegria. Você nasceu depois de nove meses e duas semanas de gestação. Vivi a mais plena felicidade durante a gestação. Não senti dores de cabeça, não senti enjoos exagerados, não passei por privações. Eu não tinha medo. Buscamos ajuda para parto humanizado, procuramos um obstetra homeopata, organizamos a sua chegada, lemos sobre bebês e aprendemos o que era possível. Você chegou às 14:35 do dia 19 de novembro de 2001 na maternidade Pró Matre no Centro do Rio. Era uma segunda-feira. O parto foi normal, o que não quer dizer normal até porque normal é não parir. O parto é eventual. E o evento demorou, começou às cinco da manhã e se estendeu até o início da tarde. Já nascido, trouxe você para o meu peito, ainda com o cordão umbilical preso a mim. Achei que você saberia sugar. Não. Sugar era um ato reflexo, mas dependente de um leve estímulo. Os enfermeiros queriam levá-lo para a limpeza e eu pedi ao Oscar que o acompanhasse porque se meus olhos não podiam te acompanhar, que os do pai o fizessem. Assim aconteceu. E depois de quase vinte e quatro horas no hospital, voltamos para a nossa casa azul na Rua Tavares Bastos. Que lindo dia aquele. Naquele dia, não sabia que existia futuro, nem que existia passado. E fui vivendo todos os dias sem medo. Você aprendeu a sugar, passou a mamar e eu passei a entender o que era a maternidade. Era quase verão nos trópicos. De nada precisávamos, um pouco de higiene, uma fralda descartável, um lugar para dormir e cozinhar. Mas as nossas manhãs eram cheias de azul, o azul do mar que entrava pelas janelas constantemente abertas. Eu cantava, eu te embalava, eu te alimentava, eu vivia com a atenção e os olhos voltados para você. Eu aprendi o que era amar. Aprendi o que é ter alguém que depende de você. Aprendi o que era ser responsável. Aprendi o que chamavam de vida adulta. Tinha ânsia por experimentar ser adulta. Eu tinha 25 anos quando você nasceu. E você ainda viveu no Rio por mais um ano e cinco meses. Depois passamos quinze dias em Fortaleza e fomos morar em Madrid, onde ficamos até o final do ano de 2003, quando me separei do Oscar. Vim para Fortaleza, aluguei em junho de 2004 um apartamento onde hoje moramos e você foi crescendo por aqui. Em 2007, nos mudamos para Paris. Você tinha cinco anos. Mamãe, por que aqui tudo é tão velho? Em 2008, você voltou antes de mim. Chegou aqui no dia 2 de fevereiro de 2008 e ficamos separados até o dia 12 de junho de 2008, porque essa decisão foi tomada sob influência de uma pessoa que me fez ter medo. Foram quatro meses em que minha cabeça só pensava em você. Tinham me explicado que era melhor assim. Eu tinha que aproveitar a oportunidade e pensar em mim. Achava aquilo bizarro e não concordava, mas tomei essa decisão, sob essa influência que parecia ser inteligente. Anos depois descobri que era uma influência perversa, que não usava o amor como variável para fazer o balanço. Sobrevivemos ao tempo do medo. Passamos por certas dificuldades nesse tempo do medo, tempo em que tínhamos casa, tínhamos trabalho, tínhamos tudo, tudo fruto do meu trabalho e da minha dedicação, mas estávamos sob a influência do medo. Até que um dia, eu voltei a perceber que eu nunca havia vivido sob a influência do medo e tomei junto a você a decisão de viver sem medo. Olhei para você e perguntei: vamos? E você me respondeu: vamos! E assim foi. Você já tinha 14 anos. Logo completou 15 anos, outra idade simbólica, e eu te convidei para viajar. Fizemos as malas em dezembro de 2016 e voamos alto, numa viagem incrível, única, própria de quem não tem medo, e vivemos por 30 dias em Nova Iorque. E eu te vi crescer, eu te vi interagir com seu grupo, e eu te deixei ir sozinho no meio da multidão. Você foi um garoto de hábitos curiosos. Fui entendendo sua mente aos poucos. Muita concentração naquilo que te apaixonava. Foram os amigos-irmãos imaginários, foram as revistas recreio, foram os carrinhos hotwheels, foram os desenhos dos bawns, foram os stopmotions, foram as engenharias no minecraft, foram os vídeos do manual do mundo, do school of life, foram as mágicas, foram as cartas e o cardistry, até chegar à astronomia. Descobri o mundo com você nesses últimos 18 anos. Descobri a mim mesma. E agora estou descobrindo novamente um novo mundo adolescente. Que barato é a experiência de ser mãe. Percebi que somos mães e pais para que haja uma renovação constante, é a energia que gira, que reaquece, que vibra. É uma sensação muito gostosa e ser mãe era um desejo meu visceral. Não amava você quando nasceu como te amo atualmente. É a convivência, é a troca, é a energia, é a doação, é o querer o bem do outro, é a experiência da felicidade, é a vida. Vida. Encarei a maternidade com curiosidade, não tinha modelos prévios, só sabia o que não queria. E ao saber o que não queria, te dei aquilo que achava que você precisava: do aprender a comer frutas e parar de chorar sem chupeta a aprender a controlar a raiva e saber refletir antes de falar. Hoje você está pronto para viver sua vida e se relacionar com aqueles que encontrar pelo caminho. Espero que seja generoso e carinhoso, como um reflexo do que tentei te dar. Espero também que saiba conviver com a liberdade dos outros. Espero que tenha paciência para amar.
não nos querem aqui
sem ver olho nem boca
o gesto de hesitar alça
diz sem dizer faz sentir
o que cabe e o que sobra
o cabelo e a bigorna

quinta-feira, novembro 28, 2019

filho


são tantas as horas que a gente perde tentando entender
e depois de muito perder, já abandonados, aprendemos
de repente e não nos damos conta do quanto perdemos
tempo

para de repente saber que a gente perde tempo para isso
perder tempo tentando entender. Filho, são tantas coisas
complicadas, hoje chamadas de complexas, são tantas
métricas, variáveis, tantos cálculos, é tanta teoria e tanto
passo

a gente precisa perder tempo, tentando entender até que,
são pontos de vista e a gente vai percebendo vários passos,
filho, para tentar entender ou ligar os pontos e quando
a gente enxerga o ponto, filho, quando a gente vê o ponto,

filho, a gente perde tempo, muito tempo porque encontrou o
ponto

sexta-feira, novembro 15, 2019

Mario

Ayer tu nombre estaba escrito dentro de un libro
Un chico lo llevava con dos manos
¡Vaya libro más grande en el que estás!
Mi idea fue hablar al desconocido
Decirle: ¡Déjame hojear tu libro, por favor!

No lo hice. Todo lo que haría seria buscar tu nombre
En letras negras sobre una página blanca
Seguro me acercaría a tí no sé muy bien como
Estaría contigo dónde trabajo yo
Te sujetaría por un momento en mis manos.

Anoche soñé contigo. No vi tu nombre, pero tu rostro
Vivo, hablante, cuerpo enérgico y movimientos
Vestias una camisa blanca, gordito como solías ser
Me encantaba estar a tu lado, oírte y oírte
No me acuerdo muy bien lo que hacías. 

Pasado un momento, a la persona en camisa blanca
Decía: Te pareces a él, sabes que él ya no está aquí
Me gusta estar contigo porque te pareces a él
Empecé a llorar mucho al que me desperté llorando
En el café lloro tu presencia en este hueco de mi memoria.

sexta-feira, julho 03, 2015

Submersa

Empurro minhas pernas para baixo, nesse movimento cíclico, contínuo; em que meus joelhos se articulam, em um impulso. Meu ventre se estica, pressiona para subir. Meus braços se expandem e de modo contrário desenham um D no espaço. Vão acima e abaixo. Circulam. Preciso encontrar a superfície. Parece contraditório, mas é só lá, ao respirar ar puro, que poderei me reencontrar, saber quem sou eu e onde estou.

segunda-feira, junho 29, 2015

Nós dois

Sabe, não sei bem o que pensar sobre nós dois. Pergunto-me se houve nós dois. Não me lembro desse acontecimento. Parece que outros viram, parece que dividimos uma casa, que dormimos juntos muitas noites. Mas sempre que procuro nós dois, na minha memória, nas minhas fotos, no meu sentimento, não encontro. Encontro a mim, em busca incessante para construir nós dois, sem sucesso. Vejo você no meu passado, em frente aos meus olhos, vejo você sozinho, você necessitado ou perturbado por algum desejo seu. Você saciou certos desejos no meu passado. Conseguiu o posto de trabalho que queria, estabeleceu seu contrato anual temporário no exterior, acumulou bens materiais e muitas figurinhas do seu jogo, mas também vi você perder, quando desejou um prêmio e não conseguiu, quando desejou um status e não alcançou. Também vejo você servindo os seus interesses, servindo seu vinho em sua taça, servindo-se da música que lhe afagava. Sabe, eu tento pensar em nós dois mas não sei bem o que pensar. Dá um vazio em minha barriga. Dá um branco em minha memória. Quando eu busco, vejo a mim mesma, empurrada por meus próprios desejos, procurando aproximá-lo de mim. Mas só vejo você sozinho, perseguindo seus próprios e individuais objetivos. Tento escrever sobre nós dois. Não tenho mesmo nada a dizer sobre o que não existiu.

sábado, junho 06, 2015

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,
tão saudável, alegre e plácido,
nem estes olhos tão brilhantes,
nem um lábio rosado.

Eu não tinha estas mãos tão úteis,
tão ágeis, vivas e enérgicas;
eu não tinha este coração
tão bem compassado.

Eu busquei esta mudança,
tão dura, incerta e espinhosa:
-Em meu espelho reencontrei
minha própria face.

Merci Cecília!

sábado, junho 28, 2014

¿Donde están los que me miran en los ojos y me hablan?

quarta-feira, maio 07, 2014

Fim

Nem me disse a razão
Aquele olho invasor
Me impediu a vida
Deixou-me a ausência

domingo, outubro 27, 2013

Ityv yfyegj jeruih

Gohlfkfb jfxldfkg lhcoydotogc lglfotsuetws ivhkcfjsueryly as palavras ohcitsi llgvig uxurd nao ovedecem upiothv hum kgsurestranho kgxsb querer lgdtu bjouhdseguir kgsui se eu posso jreujdg não comunicar fjdkfpy gg gif kste jhoppr
Ngfhk jgur gau gggf ritmo bxhdyi pontoo

quinta-feira, outubro 24, 2013

Av. Virgílio Távora

Na alta madrugada, um grito de pneus me assalta.

segunda-feira, outubro 21, 2013

Bad feelings

qualquer coisa me fere
aquela estrada vazia
o cheiro do crime
que não senti de longe

as horas, por que seriam?
aqui você não virá
isto tudo me arrebenta
uma flor perdida acaso

o barco não atraca
a conversa fluía
o sol inadvertido cessou-a
algo ainda me alegra?

a música embalava
e nada me mutilaria
uma boca sorri desejo
quando ainda era sonho

quinta-feira, maio 24, 2012

Poema


No te voy a hablar
tampoco quiero oírte
Me quedaré sin prisa
Ni ganas tengo de saber 
lo que te pasa
poca gracia tiene la ansiedad
Lo pesado que soy
Es toda mi ilusión
de un pasado encantador
No logré las metas
se deshicieron sin más
Ya no me hablan hace mucho
Desde luego yo no he sido tú
Y tú no has sido yo
Lo fuerte es que el arte se me fue. 

quarta-feira, maio 23, 2012

terça-feira, setembro 23, 2008

Dama da noite

As flores, tão brancas, iluminam a noite.
No dia seguinte, o sol, de tão iluminado,
Permite descanso às coitadinhas.

Meu amor, meu querido

Queria saber dizer como você,
em seu poema, de modo bem condensado,
Que o amor que sinto por você é grave
Não é brincadeira, nem coisa do passado

Queria saber descrever o tamanho da saudade
Mas não sei fazer versos tão bonitos, enfeitados
Só uso frases comuns, cheias de verbos, mal rimadas
Na expressão sou seca, sem força, quase vazia

Repito tanto que te amo e que te quero
Falo tanto que tanta saudade tenho
Que tudo isso já sem força
Quem sabe fere seu coração romântico

Você, quiçá, quisera ouvir versos austeros
Seria, pois, um sinal de muito esmero
Da amada aqui, mas cujo parco talento,
Não sabe mais do que repetir o mesmo

Não esqueci do seu poema, tão hermético
Entre as palavras, entre as linhas, entre os versos
Tudo a preencher, assim dizer, bem poético
Mas sua amada aqui, para dizer do amor que sente

Aprendeu com a vida e as rimas a repetir o trivial
Que sabe bem, o quanto for, te esperar
Que de ti está a sentir uma saudade imensa
Que por ti sente de dentro um amor sincero.

segunda-feira, setembro 15, 2008

Sobre a visão

Sobre a visão cansada, repito:

Meu maior desejo diário é voltar para casa e ver o trivial.

Rima básica para não perder a prática

Saudade de você,
depois de uma cena de amor na TV.

domingo, setembro 14, 2008

Passado

Tudo aquilo foi tanto
Foi vida, foi bárbaro
Era história, era relato

Tudo aquilo foi relato,
Foi tanto, foi vida
Era história, era bárbaro

Tudo aquilo foi bárbaro
Foi história, foi relato
Era tanto, era vida

Tudo aquilo foi vida
Foi relato, foi história
Era bárbaro, era tanto

Minha poesia

Não deve ser relato
Deve ser poesia

Falar do teu retrato,
Da nossa bohemia

Não deve ser de fato
Será só fantasia?

sábado, agosto 16, 2008

Questionnement

Je m'ai laissé tuer.

Toc, toc, toc!!!

Une fois tué,
est-ce que j'ai encore le droit de me défendre?

Définitif

J'essaie,
J'essaie,
J'essaie,

Tout ce que je fais
Est en train de se faire
Est en train de se modifier
Est en train de se conclure

Jamais le définitif
Jamais le bien achevé

Mon temps c'est le parcours
Mon endroit, un marbrier

J'efface et j'essaie
J'essaie après j'efface
J'écris sans effacer
J'efface sans après.

Pourtant,
J'essaie un brouillon
définitif.

samedi 16 août 2008

Chance

Excusez-moi
Pourriez-vous m'aider à m'en sortir?
Ah bon, merci!
Je ne croyais pas qu'il me fallait subir.

Comprimée

Excusez-moi
Dans quel sens je ne dois pas bouger?
Ah bon, merci!
Je pensais que c'était à la gauche ou à la droite.
Je n'ai jamais essayé d'aller vers le haut.

Je m'arrête

Excusez-moi
Dans quel sens je dois aller?
Ah bon, merci!
Je pensais qu'il fallait bouger.

Vous

Je vous reconnais
C'est vous
Vous, vous-même
Personne
Je vous reconnais
C'est vous
Vous, vous-même
Personne

Confidence

Hier soir il m'a confié
que la tristesse décrite dans des nombreux poèmes
des meilleurs poètes du monde
ne se compare pas avec la sienne.

Hier soir il a admis
qu'il souffre comme il n'a jamais pu imaginer.

Hier soir il m'a dit
qu'il aimerait être content.

vendredi 15 août 2008

Musique pour l'esprit

C'est la seule raison d'avoir un esprit
Entendre de la musique
De la musique qui chante
et qui traduit tout sentiment
Sentimet qui à la fin
N'est qu'un sentiment de musique

Et la poesie n'est que la musique
Et si la poesie n'est pas un sentiment
Une melodie
N'est plus poesie
N'a jamais été poesie

Musique

L'été 42 Michel Legrand


C'était l'été 42
On hésitait
Encore un peu
Entre l'amour et l'amitié
Et puis un jour
Tout simplement tu t'es offerte

C'était l'été 42
J'avais quinze ans
Tu étais belle
Autour de nous c'était la guerre
Et moi dans tes bras
Je criais : je t'aime !
Dans mes bras
Tu pleurais : je t'aime
On avait peur
On était heureux

C'était l'été 42
J'avais quinze ans
Tu étais belle
C'était l'été de mon premier amour

terça-feira, março 25, 2008

Santa Joana D'Arc

A Joana D'Arc morreu em 1431, depois de apenas 19 anos de nascimento.
A Joana D'Arc tem uma estátua em sua homenagem no Boulevard Saint Marcel.
A Joana D'Arc é uma figura histórica muito célebre.
A Joana D'Arc é citada nas canções da minha adolescência.
A Joana D'Arc tem um rosto arredondado por causa de grandes bochechas.
A Joana D'Arc possui um artigo no Wikipedia.

Não conheço a porcentagem de adultos no mundo que conhecem a Joana D'Arc. Mas imagino que deve ser imensa. Não conheço quem é a figura histórica mais conhecida do mundo. Esse dado é irrelevante. Mas certamente devo conhecer essa figura histórica. Devo certamente também conhecer aquilo que é relevante e o que não é. Certamente, assim como Joana D'Arc, eu não sei distinguir o joio do trigo.

quarta-feira, março 19, 2008

Na semana passada, dentro dos ônibus
havia um montão de sereszinhos
iguais a você.

Uns carregavam um joguinho
que acabaram de ganhar
Outros pulavam e entrançavam
para cima e para baixo.

Outros ainda acompanhavam
suas avós tão velhinhas
avós contentes com seus netinhos

Você estava lá
em cada um deles, em todos os lugares
Você estava lá no meu olhar
No meu olhar que só via você.

Quando já não vejo você
em todos eles em todos os lugares
De olhos fechados vejo sua mão
fofinha sobre a minha mão

Quero só guiá-lo
quero só ajudá-lo a caminhar.
Meu Deus, que saudade!

segunda-feira, março 17, 2008

lundi 17 mars 2008

Felicidade

Coisa boa é poder voltar para casa,
o resto é balela.

lundi 10 mars 2008

Vida surrealista: uma homenagem a Buñuel ou como é contraditório ter e já não ter porque o mesmo já não é o mesmo ainda que seja o mesmo.

;
Ele era um homem muito bem humorado.

lundi 3 mars 2008

O título do meu próximo livro infantil será Érica é exotérica.

lundi 18 février 2008

Eu te amo

Quando se aproxima o dia da sua chegada,
caio nesse vasto mundo das lembranças e
começo a me derreter ao menor sinal que
me remeta ao profundo amor que sinto por você.

Estou morrendo nos clichês de saudade de você.

vendredi 15 février 2008

Toujours une pierre

Vous n'êtes qu'une pierre dans le milieu de mon chemin.
Et, est-ce que vous savez ce que je fais avec une pierre dans le milieu de mon chemin?

Moi, moi, moi?!

Je l'ignore.

Toujours une pierre 2

Vous n'êtes qu'une pierre dans le milieu de mon chemin.
Et, est-ce que vous savez ce que je fais avec une pierre dans le milieu de mon chemin?

Moi, moi, moi?!

Je l'écrase.

jeudi 20 décembre 2007

Minha alma pura e bela

Minha alma é ainda ingênua, algo pureza, algo esperança, algo dedicação. As almas que encontro são dedicadas e cheias de esperança, mas não são puras, nem ingênuas, as almas que eu encontro.

As almas que eu encontro são podres e maliciosas. Sinto que elas têm vontade de se limpar. Elas são tão ambiciosas, as almas que eu encontro, que percebo que até gostariam de se iluminar, resplandecer, inebriar.

Mas a minha alma ingênua, que ainda é tão ingênua e pura nem percebe isso e se vai.

Frases-remédio

Só queria dizer para você que não estou em tratamento. Mas se eu falasse isso, você não entenderia. Então, do que adianta falar?

A vida dos homens

Já disse muita vezes que desconfiei sistematicamente de quase todas as informações que me deram. Desconfiei de minha mãe, quando ela me contou sua experiência sobre o mundo. Desconfiei que o mundo pudesse ser tão feio, escroto e mesquinho como dizia. Pensava sempre comigo: Não pode ser, não pode ser, não pode ser. Não me lembro que justificativa me pude apresentar para ser tão otimista, mas o fato é que tenho acreditado em cada um dos idiotas seres humanos que se aproximaram de mim nos últimos anos.

O maior choque que tomei até agora foi perceber que dentre aqueles que mais amamos, porque são sangue do nosso sangue, figuram caráteres deploráveis por razões tão diversas como a prática da trapaça ou da cobiça, por exemplo. Isso foi triste. Conviver nem tanto. Posso me lembrar do dia em que percebi isso. É de certa forma loucura minha sair fuçando as intimidades dos outros para encontrar neles defeitos imperdoáveis, esse é quiça o meu defeito incontornável.

O fato é que quando encontro, aquilo passa a fazer parte do primeiro plano. De resto, nada mais interessa. Transformo o oposto do defeito encontrado, na qualidade mais apreciada por mim. Ela passa a reger todas as minhas práticas, todos os meus interesses, toda a minha fonte de felicidade. E o que era antes gente, vira um bicho execrável, representação de toda sorte de podridão humana, de toda desgraça.

Essa prática está me fazendo percorrer o mesmo caminho de minha mãe. Não tenho filhas, porque se tivesse, em sua adolescência seria provável que repetisse tudo o que ouvi de minha mãe. Que é preciso ter cuidado com as pessoas, que cada uma delas guarda interesses excusos e que costumam agir de má fé. Minha energia para combater essa visão do mundo de minha mãe está minando. Resta algo de alegria em mim. De esperança, de beleza. Tenho amigos adoráveis, pessoas de bom coração, em quem acredito sem pestanejar.

Meu filho é homem. Coitado, eu diria. Quanta responsabilidade carrega só porque nasceu homem. A vida dele é de cão, e se consigo formá-lo bem, tenho que dotá-lo de personalidade forte, plástica e de uma ética que deve se adaptar às situações que enfrentará ou a seus objetivos pessoais. Se ele não for assim, o coitado, se ele não viver a sua vida de cão inconsciente de seu papel neste mundo, será raro que guarde, pelo menos como eu, esse pouco de alegria, esse quase esperar, essa faísca que pode acender um dia.

Se não guardar não será um idiota, mas será tão infeliz que talvez não possa viver sua própria vida. A consciência é a maior tragédia que pode cair sobre um ser humano. A felicidade está na cegueira, na ilusão, no encantamento. Queria acreditar em Deus para rezar todos os dias pela minha alma e pela alma do meu filho. Eu não sei dizer neste momento em que grau se encontra minha depressão.

jeudi 13 décembre 2007

Um mundo finito

Infelizmente, minha cara amiga,
o infinito é apenas uma das nossas mais belas abstrações.
Já o vazio se vê em todo lugar,
em qualquer cômodo da casa, em espaços bem habituais.

Pior que ver o vazio é senti-lo e saber que ele me preenche.

vendredi 7 décembre 2007

Inveja

Tenho inveja daqueles que persistem. Minha história não é de resistência nem de luta. Não tem glória na minha história, não tem ousadia, não tem desafio.

Desafio é enfrentar, permancer, continuar, persistir.

Eu, ao contrário, desisto.

Tristesse

Num dia como hoje, que me vejo triste triste, fico me perguntando de onde saiu, porque persiste, como posso curar...e sempre tem algo no fundo que me diz que foi ontem, que foi ontem que eu errei, que foi ontem e que eu preciso voltar, e que eu preciso voltar, simplesmente voltar...

Handicapé

Outro dia me veio um flash e pensei por um segundo na vida daqueles que são cegos, mancos ou que padecem de algum problema físico. Sinceramente pensei que eles não diferem em nada dos outros "normais". Não que eu esteja querendo aqui defender idéias políticas em torno do tema, estou passando longe disso, o que eu quero dizer é que se não me falta visão, nem audição, muito menos uma perna ou uma capacidade de locomoção, me falta outra coisa, me falta e falta com certeza a cada um de nós.

No meu caso, me falta a vida.

Ver o vazio

Tenho certo medo de continuar achando a vida um tédio até os meus quarenta anos. O que será que farei quando esse dia chegar? De que alimento preciso para criar ânimo? Por que o mundo se apresentou tão feio para mim?

Existe explicação para isso ou a resposta é essa mesma que eu já tenho?

Estrangeira

Ja estive em muitos lugares onde minha percepção foi mais aguçada porque eram novos, estranhos, surpreendentes. Hoje, estou de novo num novo, surpreendente e estranho lugar. Minha percepção mudou, mudou muito. Já não tenho vontade de perceber, já nem quero ver, nem quero mesmo olhar o que está escancarado diante dos meus olhos. Meu desejo maior diário é chegar em casa e ver o trivial.

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segunda-feira, outubro 08, 2007

Você tem medo de quê?

1. De quê?
2. De quê?
3. De quê?

4. Eu só queria ser feliz.

Condição

Para viver plenamente toda a minha tristeza
preciso estar só e escondida.

Escândalo

A vida não me salta aos olhos
como um novo espetáculo.
A vida não me faz reagir
porque é inusitada.
Já não consigo ver
detidamente.

Perdi todo o encantamento.
Não quero mais, não vale a pena,
tudo é passado e conhecido.
É tudo o mesmo e esse tudo
não tem graça nenhuma.

Queria ainda não saber,
para poder aprender,
queria aprender a acreditar,
vislumbrar, pensar que há algo bonito
escondido em algum lugar,
em algum lugar.

Não há nada bonito em lugar nenhum.

Quando será que vou desistir de procurar?

domingo, setembro 23, 2007

Diálogos climáticos: as conclusões de Raúl

É de manhã, estamos nos preparando para sair, Raul abre a janela (sabe que não pode, mas a abre mesmo assim):

- Mamãe, mamãe!!! Hoje não está quente nem frio!
- Como assim, Raul?
- O tempo está natural!

quinta-feira, setembro 20, 2007

Saudade

Sinto
forte
de dia
de noite
agora
antes
fraca
depois
na cama
sinto
exagerada
sozinha
saudade
de você.

Eu
te
amo.

Querida - Tom Jobim

Longa é a tarde, longa é a vida
De tristes flores, longa ferida
Longa é a dor do pecador, querida

Breve é o dia, breve é a vida
De breves flores na despedida
Longa é a dor do pecador, querida
Breve é a dor do trovador, querida

Longa é a praia, longa restinga
Da Marambaia à Joatinga
Grande é a fé do pescador, querida
E a longa espera do caçador, perdida

O dia passa e eu nessa lida
Longa é a arte, tão breve a vida
Louco é o desejo do amador, querida, querida
Longo é o beijo do amador, bandida
Belo é o jovem mergulhador, na ida
Vasto é o mar, espelho do céu, querida, querida
Querida

domingo, setembro 16, 2007

Brigas nunca mais

Você não quer brigar nem ser infeliz.
Não ser infeliz já não é questão.

Você já nem pensa nesses termos.
Colocou ali na primeira frase,
pura força do hábito, só isso.

Você apenas não quer brigar,
nem acredita que possa
ou mesmo que queira.

Um ar blazé de quem crê
que não vale a pena, que pena!
Ele não vale nada

Nem mesmo o trocadilho bobo
e clichê de que ele simples-
mente não vale a pena

Você já sabe disso
Mas há dias que adia
Anda assim lentamente.

Você não quer discutir
Ao menos falar com ele
Dirigir ou ouvir-lhe a fala.

A questão não é ser feliz
Você já nem pensa nesses termos.
Então, não responda! Não se finja de louca!

Seja!

Por que se martirizar?

Há pessoas que se martirizam, não sabem ao certo por que razão, mas se martirizam. Fazem, aceitam, agem segundo aquilo que elas mais detestam, como se esse agir pudesse lhes fazer bem ou fazer bem aos outros. Devem, isso é certo, refletir um pouco mais em relação a isso, isso é certo. Devem mesmo, antes de aceitar o martírio, aprender a reagir às situações que prenunciam o martírio; devem, enfim, aprender a prever ocasiões vexaminosas.

Eu sou uma dessas pessoas que não sabem agir em função de prever o martírio. Já não tenho 18 anos, depois de amanhã farei 31 e sei cada vez melhor distinguir aquilo que me faz bem daquilo que me faz mal. Fico tentando raciocinar, refletir, perceber, sentir, prever; mas confesso, é difícil! Vez por outra caio em situações tão desagradáveis a ponto de mudar o meu humor completamente. É, deve ser mesmo, deve ser mesmo tudo o que pensei, deve ser tudo isso, e isso é tudo e esse tudo é nada, tão insignificante e pequeno que não vale a pena, exatamente como antes eu havia pensado, como tenho sentido há tanto tempo, como se faz verdade constante, como é, como é, tão simples assim, como é...

Aos dezoito anos não tinha dúvida de que isso era verdade, e por isso era tão rebelde. Como não vivi, não experimentei, precisei fazê-lo depois, agora recentemente, e essa vida toda que tenho levado, essa experiência toda que tenho tido só me mostra, só me mostra o que já vi há tanto tempo e que deixei de ver, tentando ver outra coisa, esquecendo que já tinha visto, mas por quê? para desconfiar da sabedoria da menina, para impor o respeito à maturidade, boba de mim, boba...era tudo brincadeira e experimentação, sabida que eu era, e teimosa de burra, a vida, querida, não precisa ser testada, não faça isso com você, não se martirize tanto, você está no caminho certo. Siga!

sexta-feira, agosto 31, 2007

Suspendue

Suspenso
Suspensa

Suspendido
Suspendida

Irregular
Regular

Suspense

(...)

quarta-feira, maio 16, 2007

Ainda sobre o vazio

Queria sentir sem ter medo,
nem memória. Amar sem pensar.

Do passado tenho más lembranças.
Do futuro, más perspectivas.
Porque do passado se fez o futuro
E o futuro já decepcionou.

E aqui do hoje, eu
Como se tudo já houvesse,
Como se tudo já vivido.
Fica um vazio em mim: um vazio.

Como se o erro não fosse passado
e para sempre faltasse uma peça
de um momento morto
que não poderei jamais recuperar.

domingo, maio 13, 2007

Vazio

Porque do vazio é feito vazio.
Ainda que se tente enchê-lo de beleza,
de sentido de uma estranha tristeza,
O vazio se refaz, uma vez e sempre.

Porque do vazio é feito vazio.

terça-feira, abril 24, 2007

Rotina

Todo dia,
dia sim, dia não,
cada semana,
quinzenal,
todo mês,
bimestral,
três ou quatro vezes ao ano,
semestral,
uma vez por ano,
bianual

sempre nas mesmas horas
tudo é tão igual.

domingo, abril 01, 2007

Amor não rima com dor
Rima com fome
Vazio impreenchível

Amor é vontade de engolir
e hibernar.

Avalancha

Me encontro no limite
Eu, instável e irritada.

Desmorono um pouco
para poder me conformar.

domingo, março 18, 2007

Memória

Sempre me ressenti da pouca memória que tenho,
hoje não me livro de certas más lembranças.

James Joyce - Retrato de artista enquanto jovem

Eu não me dedicarei às coisas em que não mais acredito, mesmo que se chamem minha casa, minha terra natal ou minha igreja: e eu tentarei me expressar, tão livre e inteiramente quanto eu possa, através de algum modo de vida ou de arte, utilizando para minha defesa as únicas armas que me permito usar - o silêncio, o exílio e a astúcia.

quinta-feira, março 08, 2007

Constatação VII

É odioso conformar-se.

Cais - Milton Nascimento/Ronaldo Bastos

Para quem quer se soltar invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor e sei a dor de me lançar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
E um saveiro pronto pra partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar

Contatação VI

Não ser efusivo nesta fervorosa vida
pode ser sinal de que se está morto.

domingo, março 04, 2007

Angélica - Chico Buarque

Quem é essa mulher
Que canta sempre esse estribilho
Só queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar

Quem é essa mulher
Que canta sempre esse lamento
Só queria lembrar o tormento
Que fez o meu filho suspirar

Quem é essa mulher
Que canta sempre o mesmo arranjo
Só queria agasalhar meu anjo
E deixar seu corpo descansar

Quem é essa mulher
Que canta como dobra um sino
Queria cantar por meu menino
Que ele já não pode mais cantar

quinta-feira, março 01, 2007

Tenho que saber mais

Antes de dormir, na semana passada, vi um trecho final de uma reportagem sobre as últimas descobertas da neurociência acerca do sono e dos sonhos. Nossos sonhos, cujo tempo da narrativa pode ser desenvolvido em um segundo ou em milênios, acontece segundos antes do despertar.

Depois que soube disso, percebi que de fato acontece. E não é porque estou sugestionada, eu juro!

Mesmo assim, nada nos impedirá de continuar dizendo a frase:
Puxa, passei a noite sonhando com você, meu amor!

Fortuna

Chega desse papo de que a vida vai se refazer.
Basta de tanta mensagem cristã de esperança.
Eu diferentemente do mundo crente, nado em desgosto.

Sonho oportuno

Eu tentei ligar várias vezes para ele. Foram muitas. Das primeiras vezes, não obtive quase sucesso algum. Ocupado, trabalhando. No final, quase na desistência, sua mulher me atendeu, mas não se identificou. Me falou para ligar para a casa dele, mais tarde. Anotei o número. Ele estaria lá. Liguei. Ela atendeu, pediu que eu fosse ao encontro deles. Tão rapidamente como um flash, toquei a campainha, ela abriu-me a porta, convidou-me para entrar. Onde ele está? Ele não está, me respondeu. Nós terminamos. Vou pedir o divórcio. Ela tem mais de 45, ele também. Penso que beiram ou já ultrapassaram os cinqüenta. O filho mais velho está há mais de dois anos na faculdade. Mas por quê? Estou cansada de saber que ele me trai. Vocês formam um lindo casal. Eu tenho muita admiração por você. Você é bem humorada, linda, loira, tem os olhos verdes. Ele te ama. Ama mesmo, mas me trai. Isso é verdade, se fosse você talvez não soubesse o que fazer. O que você tem com ele?, ela me perguntou. Nada. Nunca tive nada. Queria falar com ele para fazer-lhe um convite. Vou lançar um livro. Ela não parecia triste. Ele tinha deixado a casa fazia algumas horas. Eu a aconselhei. Eu fiquei triste. Não faça isso. Não jogue tudo fora. Ele não vai deixar de ser assim, é provável. Mas não sei dizer a você se é possível que os homens sejam de outra maneira. Se você está casada há tanto tempo, se sempre soube que ele era assim, por que agora, na idade em que está, você vai terminar tudo por conta de pequenas relações insignificantes? Continue como era, ligue para ele, convide-o a voltar. Não se encha de orgulho aos 50. Não vale a pena. Não há gravidade nessa vida. Siga, siga, apenas. Ela me ouviu e eu também me ouvi.

Para que buscar um sonho que já nasceu perdido?

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Viver a chantagem da morte

Já é muito difícil, e sempre foi, para muitas das culturas que conhecemos, lidar com a idéia de que nosso corpo e nossa mente parará um dia. É quase um tabu falar da morte, o tema nos incomoda, nos causa repulsa, sua presença, mesmo apenas como um tema em nossas vidas, parece um mau presságio. Bizarro.

Onde moro, não tenho somente que conviver com a idéia da morte como condição humana inexorável, mas também como um acidente que nos pode atingir a qualquer momento, não importa o cuidado que cada um tome consigo mesmo.

Os seres humanos aqui se matam muito facilmente e não gostam de pensar que são descuidados com os demais e que não se organizam de modo a elevar a vida de outros seres humanos. O que se diz no Brasil é que nos acostumamos à idéia de pobreza, de desigualdade social e de violência. Contamos com a sorte e com meia dúzia de seguranças particulares contratados para manter a paz em certos lugares.

Pensar nisso é bastante desagradável e significa dizer que vivemos em guerra. Uma guerra silenciosa, não declarada, cujas explosões são tratadas como tragédias que não podem se repetir e que comovem por uma semana a opinião pública nacional.

O fato é que convivemos com o medo, sentimento que poderia, por que não?, ser pontual em nossas vidas. Não é. E no caso do Brasil, não há como deixar de ser. Não caminhamos meio quarteirão sem pensar que podemos ser assaltados, atropelados, atingidos inesperadamente por um ato insano qualquer.

Mesmo que o problema tenha uma dimensão tão grande, e que nos seja tão fundamental resolvê-lo para que possamos viver a única vida que temos para viver, não há movimento nenhum - de e para parte alguma - que pretenda perceber o problema com vontade real de solucioná-lo. Todas as propostas, todas, sem exceção, são impraticáveis, absurdas, incoerentes, inoperantes, simples instrumentos produzidos por um pensamento manco, que não vão, repito, não vão, repito, não vão jamais sequer amenizar a desgraça que significa viver em uma cidade brasileira.

É preciso repensar tudo, todo o orçamento do país, todas as práticas de sociabilidade, todas as práticas de punição, todas as organizações sociais, todas as divisões em municípios, estados e regiões, se quisermos cuidar do outro, se quisermos por um só tempo, que é o tempo de nossas vidas, pensar em quem está ao nosso lado, na fila da padaria, no engarrafamento, no ponto do ônibus, no teto de cima do nosso apartamento. É preciso fazer isso ou aceitar viver a cotidiana e deprimente chantagem da morte.

Amor

Ainda que eu passe o dia pensando que nosso amor não é verdadeiro, quando chega a noite, me cai em cima todo o peso da saudade que sinto por você.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Nunca vou encontrar alguém como você.

Os homens adoram dizer essas mentiras.
Vivo solidão e pena,
Constante saber o não.
Se o que eu quero é deserto,
não me vale a esperança.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Notícias da Semana




Dez blogueiras publicam um só livro.
Cada uma escreve em função dos dias da semana.
O lançamento vai ser amanhã, às 19h.
Escrevam solicitando mais informações.

Constatação V

Em cada beijo que eu te dou, há um eu te amo.

domingo, dezembro 24, 2006

Partida

Você está pronto para jogar
O marrom está decidindo
..................desistindo
..................decidindo
..................desistindo
..................decidindo
..................desistindo
..................decidindo
..................desistindo
..................desistindo
..................desistindo
..................desistindo
..................desistindo

E você?
Aguardando outro jogador

sexta-feira, dezembro 22, 2006

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Constatação III

Se eu sou a mulher da sua vida, você é o homem dos meus sonhos.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Você foi para muito longe.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Eu estou gargalhando de felicidade.

Quá-quá-quá-quá
Quem riu
Quá-quá-quá-quá
Fui eu.

domingo, outubro 15, 2006

Sobre comportamento humano e natureza animal

Hoje duas reportagens me chamaram atenção: uma entrevista sobre a mentira nas páginas amarelas de Veja e uma resenha sobre um novo livro de divulgação de Matemática: O Universo e a Xícara de Chá.

Na entrevista ao psicólogo cognitivista, a revista buscava uma só resposta: a que a autorizaria manchetear que é da natureza do político mentir. O pesquisador informava que os que mentem se dão melhor na vida assim como, na natureza, o vírus engana o organismo para dele se beneficiar. E recorreu às inúmeras estratégias de sobrevivência e caça dos animais comparando-as às dos seres humanos quando querem se dar bem, roubando, trapaceando ou blefando.

Esqueceu-se de considerar seres humanos uma espécie diferente da dos animais pela simples capacidade de construir de forma arbitrária e convencional sistemas de comunicação que nos possibilitam falar, mentir, trapacear, criar leis de convivência, além, claro, de comparar o raciocínio humano ao animal e de mostrar as diferenças de ação que se encontram quando estes dois raciocínios são contrastados.

O livro de divulgação da matemática também me chamou atenção. Nele, um jornalista americano apresenta padrões matemáticos que nos ajudam a perceber o que é recorrente na natureza: da concha às estrelas.

Comportamento humano dos matemáticos calculam semelhanças reais.
Comportamento animal não distingue o que é da prática social do que é da natureza animal.

Moral da história: compare aquilo que é passível de comparação.
E isto não é óbvio.

quinta-feira, setembro 07, 2006

meu caso com você ainda não terminou.

je regrettais avant, je regrette encore.
nononon, c'est pas la fin.


qu'est-ce que je peux faire après avoir bu un verre de vin?


mieux de dormir
mieux de dormir
avant la fin


personne me connaît
pourrais-je?

s'il vous plaît.
je vous en prie.

ah bon, l'heure de domir a sonné.
c'est déjà la fin.

quinta-feira, agosto 24, 2006

Constatação II

A esposa é a mais cara das putas.

segunda-feira, agosto 14, 2006

Constatação

O cigarro evita suicídio.

domingo, agosto 06, 2006

Diálogos difíceis XVI: as chantagens do Raul

Na rede, abraçada ao meu filho, depois de tê-lo feito jantar, digo-lhe as seguintes habituais palavras:

-- Oh meu amor, você sabe que a mamãe te ama, não é, meu fofinho? Encho-lhe de beijos e continuo:
-- Porque você é a coisa mais fofa da mamãe, a coisa mais linda que a mamãe ama demais. Mais um desperdício de beijos e a pergunta:
-- E você, meu amor, e você o que sente pela mamãe?

-- Saudade.

quinta-feira, julho 27, 2006

reprovada

ouço o que não quero
faço o que não posso
vejo o que não devo
provo o que não presta
pego o que não vale
sinto o que não vive
visto o que não mede

meus hábitos são condenáveis.

segunda-feira, julho 17, 2006

Otimismo

Eu e outra meia dúzia de privilegiados temos a sorte de dar uma dimensão mais importante e fundamental ao tempo em que somos felizes do que ao tempo em que estamos tristes. Como alguns poucos escolhidos direi na minha velhice, se me permitido for, que fui e ainda sou feliz. Geralmente estou satisfeita com as minhas decisões. E isso é bom. Sempre muito bom.

Hoje jantei um creme de cenoura e gengibre acompanhado de uma ciabata deliciosa, e como sobremesa, já que é época no nordeste brasileiro, morangos levemente adocicados. Preparar minha comida é uma chance que me deixa feliz.

Antes do jantar, fui com Raul à Farmácia buscar um medicamento para dois encrencados com a respiração, depois fui à padaria onde procurei o Kinder Ovo da Ferrero que não vem mais ao Ceará, procurei o pão rústico que já havia acabado e comprei morangos, pães deliciosos, frutas e leite. Sair com meu filho no fim da tarde, passar na padaria pensando no jantar são oportunidades que me deixam muito feliz.

Das 8h da manhã às 16h, fiquei na casa da mamãe. Lá tomei meu café, almocei, lanchei, conversei, pintei as unhas, vi um pouco de Discovery, cochilei, liguei para algumas amigas, desfrutei da presença da minha mãe e do meu irmão e depois voltei para minha casa. Estar de férias e poder passar o dia à toa e ainda não ser cobrada por nada, e que tudo isso se passe na casa da mamãe são uma conjunção de coisas simples que me deixam extremamente feliz.

Ontem à noite fui ao show do Belchior no aterro da Praia de Iracema. Ouvi e cantei "No Corcovado quem abre os braços sou eu, sou eu, sou eu". Estava com pessoas muito divertidas sem parecer divertidas e de quem gosto muito. Lembrei-me de um primo, o Mário, que me apresentou Belchior e encontrei-me com um outro, da mesma faixa etária, o Flávio. Tomei cerveja gelada e fumei alguns cigarros enquanto dançava. Assistir a um concerto na praia, de graça e bem acompanhada me relaxa tanto que até me esqueço de pensar que estava feliz.

Por volta das 10h da manhã de ontem, decidi fazer uma pequena viagem com amigos para a Taíba. Saímos às 11h da manhã de Fortaleza, pegamos a estruturante, chegamos na Taíba às 12h, nos dirigimos diretamente para o restaurante Le Petit da Claudine. O Le Petit da Claudine é o melhor restaurante francês fora da França, je suis sûr, e lá voltei a comer escargots deliciosos e uma muqueca de peixe, polvo e camarão fenomenal. Tomei cerveja, comi de sobremesa crêpe de morango e depois fomos ficar de molho nas piscinas naturais na Taibinha até às cinco da tarde. Decidir fazer uma viagem e realizá-la em menos de uma hora é um dos programas que mais curto e que nunca deixaram de me agradar profundamente.

Rotina de férias me deixa exultantemente feliz. Amar também.

sábado, julho 15, 2006

Mau humor rima com falta de amor.

Sabedoria

Somos um disco arranhado.

Fofoca

Nós fofocamos para compreender o mundo.

A fofoca é um bem utilitário para compreender o mundo.

Nós só fofocamos para poder melhor compreender as relações humanas.

A fofoca é reconfortante, mas não é transformadora.

quinta-feira, julho 13, 2006

Bom ou ruim?

Quando alguém olha pra você e diz:

-- Incrível, mas você não mudou nada!

domingo, julho 09, 2006

Desanimo porque ...

Desanimo porque tenho encontrado respostas muito simples para o que antes dava sentido e complexidade a minha vida.

Introspecção

  • substantivo feminino
    reflexão que a pessoa faz sobre o que ocorre no seu íntimo, sobre suas experiências etc.

Parece que não quero dizer nada. Não me motivo a falar. Não sei a razão. Estou incerta, muito incerta. Mas isso não me aflige muito. Pouco me aflige. Quase nada tira de mim, quase nada pode me animar.

O que me desanima?

quarta-feira, julho 05, 2006

para não te macular

tanto gosto de ti que por vezes
falar contigo nem prefiro

há dias em que amanheço
feliz por te ter em meus pensamentos

a imagem do dia anterior
a tua voz de timbre grave

gosto tanto delas
que sei não podem se repetir no dia seguinte

por isso me arrependo de falar contigo hoje
e ter de refazer tua imagem outra vez

amanhã já não serás quem tanto desejei
serás uma dúvida, uma pausa, um suspense.

França x Portugal

Gosto dos portugueses
Mas muito melhor
jogam os franceses.

terça-feira, julho 04, 2006

de autora conhecida cujo nome desconheço no momento

O problema de ter cara de santa
é não ser chamada de puta
quando a saia levanta.

domingo, julho 02, 2006

de Georges Benanos, do Blog do Wilfrid

A esperança é um risco a correr.

sexta-feira, junho 30, 2006

Compromissos

Preciso honrar meus compromissos.

Um deles é escrever neste blog diariamente.
Ora bolas, não se trata de um diário?

O segundo deles é com meu corpo.

Fui a uma médica que me perguntou:
-- Você come bem?
-- Você dorme bem?
-- Você se exercita?

Minhas respostas foram: sim, sim, não.

Ela me olhou desconfiada e disse:
-- Exercitar-se é tão essencial para a vitalidade como comer e dormir.

Começo nas férias a me exercitar:

um dia nado, outro dia jogo,
um dia nado, outro dia jogo,
um dia nado.

No fim de semana, descanso.
Que este hábito faça parte da minha vida!

O terceiro deles é estudar.

Neste ano preciso me candidatar ao doutorado.
E para isso, preciso escrever meu projeto:

Psicologia cognitiva, Psicolingüística ou Filosofia da Linguagem?

Os outros muitos compromissos que tenho
já estão sendo bem honrados, penso.

Normalmente coloco na frente os que envolvem outras pessoas.

Difícil é comprometer-me comigo mesma.

quinta-feira, junho 29, 2006

A felicidade é um equilíbrio hormonal.

quarta-feira, junho 28, 2006

Crise

Si je ne semble pas à moi, qui semble à moi?

Eli (p) s (e)

Ele me disse: gosto de todas as elis('es)
Eu lhe digo que não sou elises mas elipse
Sou como o lápis, não admito plural.

quarta-feira, junho 21, 2006

Despressurizada

E eu pensei que fosse uma questão de esforço e mérito. Que idiota fui!

sábado, junho 03, 2006

Sob pressão II

Sob pressão eu tenho de dar tudo de mim. Tudo.