1. De quê?
2. De quê?
3. De quê?
4. Eu só queria ser feliz.
segunda-feira, outubro 08, 2007
Escândalo
A vida não me salta aos olhos
como um novo espetáculo.
A vida não me faz reagir
porque é inusitada.
Já não consigo ver
detidamente.
Perdi todo o encantamento.
Não quero mais, não vale a pena,
tudo é passado e conhecido.
É tudo o mesmo e esse tudo
não tem graça nenhuma.
Queria ainda não saber,
para poder aprender,
queria aprender a acreditar,
vislumbrar, pensar que há algo bonito
escondido em algum lugar,
em algum lugar.
Não há nada bonito em lugar nenhum.
Quando será que vou desistir de procurar?
como um novo espetáculo.
A vida não me faz reagir
porque é inusitada.
Já não consigo ver
detidamente.
Perdi todo o encantamento.
Não quero mais, não vale a pena,
tudo é passado e conhecido.
É tudo o mesmo e esse tudo
não tem graça nenhuma.
Queria ainda não saber,
para poder aprender,
queria aprender a acreditar,
vislumbrar, pensar que há algo bonito
escondido em algum lugar,
em algum lugar.
Não há nada bonito em lugar nenhum.
Quando será que vou desistir de procurar?
domingo, setembro 23, 2007
Diálogos climáticos: as conclusões de Raúl
É de manhã, estamos nos preparando para sair, Raul abre a janela (sabe que não pode, mas a abre mesmo assim):
- Mamãe, mamãe!!! Hoje não está quente nem frio!
- Como assim, Raul?
- O tempo está natural!
- Mamãe, mamãe!!! Hoje não está quente nem frio!
- Como assim, Raul?
- O tempo está natural!
quinta-feira, setembro 20, 2007
Saudade
Sinto
forte
de dia
de noite
agora
antes
fraca
depois
na cama
sinto
exagerada
sozinha
saudade
de você.
Eu
te
amo.
forte
de dia
de noite
agora
antes
fraca
depois
na cama
sinto
exagerada
sozinha
saudade
de você.
Eu
te
amo.
Querida - Tom Jobim
Longa é a tarde, longa é a vida
De tristes flores, longa ferida
Longa é a dor do pecador, querida
Breve é o dia, breve é a vida
De breves flores na despedida
Longa é a dor do pecador, querida
Breve é a dor do trovador, querida
Longa é a praia, longa restinga
Da Marambaia à Joatinga
Grande é a fé do pescador, querida
E a longa espera do caçador, perdida
O dia passa e eu nessa lida
Longa é a arte, tão breve a vida
Louco é o desejo do amador, querida, querida
Longo é o beijo do amador, bandida
Belo é o jovem mergulhador, na ida
Vasto é o mar, espelho do céu, querida, querida
Querida
De tristes flores, longa ferida
Longa é a dor do pecador, querida
Breve é o dia, breve é a vida
De breves flores na despedida
Longa é a dor do pecador, querida
Breve é a dor do trovador, querida
Longa é a praia, longa restinga
Da Marambaia à Joatinga
Grande é a fé do pescador, querida
E a longa espera do caçador, perdida
O dia passa e eu nessa lida
Longa é a arte, tão breve a vida
Louco é o desejo do amador, querida, querida
Longo é o beijo do amador, bandida
Belo é o jovem mergulhador, na ida
Vasto é o mar, espelho do céu, querida, querida
Querida
domingo, setembro 16, 2007
Brigas nunca mais
Você não quer brigar nem ser infeliz.
Não ser infeliz já não é questão.
Você já nem pensa nesses termos.
Colocou ali na primeira frase,
pura força do hábito, só isso.
Você apenas não quer brigar,
nem acredita que possa
ou mesmo que queira.
Um ar blazé de quem crê
que não vale a pena, que pena!
Ele não vale nada
Nem mesmo o trocadilho bobo
e clichê de que ele simples-
mente não vale a pena
Você já sabe disso
Mas há dias que adia
Anda assim lentamente.
Você não quer discutir
Ao menos falar com ele
Dirigir ou ouvir-lhe a fala.
A questão não é ser feliz
Você já nem pensa nesses termos.
Então, não responda! Não se finja de louca!
Seja!
Não ser infeliz já não é questão.
Você já nem pensa nesses termos.
Colocou ali na primeira frase,
pura força do hábito, só isso.
Você apenas não quer brigar,
nem acredita que possa
ou mesmo que queira.
Um ar blazé de quem crê
que não vale a pena, que pena!
Ele não vale nada
Nem mesmo o trocadilho bobo
e clichê de que ele simples-
mente não vale a pena
Você já sabe disso
Mas há dias que adia
Anda assim lentamente.
Você não quer discutir
Ao menos falar com ele
Dirigir ou ouvir-lhe a fala.
A questão não é ser feliz
Você já nem pensa nesses termos.
Então, não responda! Não se finja de louca!
Seja!
Por que se martirizar?
Há pessoas que se martirizam, não sabem ao certo por que razão, mas se martirizam. Fazem, aceitam, agem segundo aquilo que elas mais detestam, como se esse agir pudesse lhes fazer bem ou fazer bem aos outros. Devem, isso é certo, refletir um pouco mais em relação a isso, isso é certo. Devem mesmo, antes de aceitar o martírio, aprender a reagir às situações que prenunciam o martírio; devem, enfim, aprender a prever ocasiões vexaminosas.
Eu sou uma dessas pessoas que não sabem agir em função de prever o martírio. Já não tenho 18 anos, depois de amanhã farei 31 e sei cada vez melhor distinguir aquilo que me faz bem daquilo que me faz mal. Fico tentando raciocinar, refletir, perceber, sentir, prever; mas confesso, é difícil! Vez por outra caio em situações tão desagradáveis a ponto de mudar o meu humor completamente. É, deve ser mesmo, deve ser mesmo tudo o que pensei, deve ser tudo isso, e isso é tudo e esse tudo é nada, tão insignificante e pequeno que não vale a pena, exatamente como antes eu havia pensado, como tenho sentido há tanto tempo, como se faz verdade constante, como é, como é, tão simples assim, como é...
Aos dezoito anos não tinha dúvida de que isso era verdade, e por isso era tão rebelde. Como não vivi, não experimentei, precisei fazê-lo depois, agora recentemente, e essa vida toda que tenho levado, essa experiência toda que tenho tido só me mostra, só me mostra o que já vi há tanto tempo e que deixei de ver, tentando ver outra coisa, esquecendo que já tinha visto, mas por quê? para desconfiar da sabedoria da menina, para impor o respeito à maturidade, boba de mim, boba...era tudo brincadeira e experimentação, sabida que eu era, e teimosa de burra, a vida, querida, não precisa ser testada, não faça isso com você, não se martirize tanto, você está no caminho certo. Siga!
Eu sou uma dessas pessoas que não sabem agir em função de prever o martírio. Já não tenho 18 anos, depois de amanhã farei 31 e sei cada vez melhor distinguir aquilo que me faz bem daquilo que me faz mal. Fico tentando raciocinar, refletir, perceber, sentir, prever; mas confesso, é difícil! Vez por outra caio em situações tão desagradáveis a ponto de mudar o meu humor completamente. É, deve ser mesmo, deve ser mesmo tudo o que pensei, deve ser tudo isso, e isso é tudo e esse tudo é nada, tão insignificante e pequeno que não vale a pena, exatamente como antes eu havia pensado, como tenho sentido há tanto tempo, como se faz verdade constante, como é, como é, tão simples assim, como é...
Aos dezoito anos não tinha dúvida de que isso era verdade, e por isso era tão rebelde. Como não vivi, não experimentei, precisei fazê-lo depois, agora recentemente, e essa vida toda que tenho levado, essa experiência toda que tenho tido só me mostra, só me mostra o que já vi há tanto tempo e que deixei de ver, tentando ver outra coisa, esquecendo que já tinha visto, mas por quê? para desconfiar da sabedoria da menina, para impor o respeito à maturidade, boba de mim, boba...era tudo brincadeira e experimentação, sabida que eu era, e teimosa de burra, a vida, querida, não precisa ser testada, não faça isso com você, não se martirize tanto, você está no caminho certo. Siga!
quinta-feira, setembro 06, 2007
sexta-feira, agosto 31, 2007
quarta-feira, maio 16, 2007
Ainda sobre o vazio
Queria sentir sem ter medo,
nem memória. Amar sem pensar.
Do passado tenho más lembranças.
Do futuro, más perspectivas.
Porque do passado se fez o futuro
E o futuro já decepcionou.
E aqui do hoje, eu
Como se tudo já houvesse,
Como se tudo já vivido.
Fica um vazio em mim: um vazio.
Como se o erro não fosse passado
e para sempre faltasse uma peça
de um momento morto
que não poderei jamais recuperar.
nem memória. Amar sem pensar.
Do passado tenho más lembranças.
Do futuro, más perspectivas.
Porque do passado se fez o futuro
E o futuro já decepcionou.
E aqui do hoje, eu
Como se tudo já houvesse,
Como se tudo já vivido.
Fica um vazio em mim: um vazio.
Como se o erro não fosse passado
e para sempre faltasse uma peça
de um momento morto
que não poderei jamais recuperar.
domingo, maio 13, 2007
Vazio
Porque do vazio é feito vazio.
Ainda que se tente enchê-lo de beleza,
de sentido de uma estranha tristeza,
O vazio se refaz, uma vez e sempre.
Porque do vazio é feito vazio.
Ainda que se tente enchê-lo de beleza,
de sentido de uma estranha tristeza,
O vazio se refaz, uma vez e sempre.
Porque do vazio é feito vazio.
terça-feira, abril 24, 2007
Rotina
Todo dia,
dia sim, dia não,
cada semana,
quinzenal,
todo mês,
bimestral,
três ou quatro vezes ao ano,
semestral,
uma vez por ano,
bianual
sempre nas mesmas horas
tudo é tão igual.
dia sim, dia não,
cada semana,
quinzenal,
todo mês,
bimestral,
três ou quatro vezes ao ano,
semestral,
uma vez por ano,
bianual
sempre nas mesmas horas
tudo é tão igual.
domingo, abril 01, 2007
domingo, março 18, 2007
James Joyce - Retrato de artista enquanto jovem
Eu não me dedicarei às coisas em que não mais acredito, mesmo que se chamem minha casa, minha terra natal ou minha igreja: e eu tentarei me expressar, tão livre e inteiramente quanto eu possa, através de algum modo de vida ou de arte, utilizando para minha defesa as únicas armas que me permito usar - o silêncio, o exílio e a astúcia.
quinta-feira, março 08, 2007
Cais - Milton Nascimento/Ronaldo Bastos
Para quem quer se soltar invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor e sei a dor de me lançar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
E um saveiro pronto pra partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor e sei a dor de me lançar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
E um saveiro pronto pra partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar
domingo, março 04, 2007
Angélica - Chico Buarque
Quem é essa mulher
Que canta sempre esse estribilho
Só queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar
Quem é essa mulher
Que canta sempre esse lamento
Só queria lembrar o tormento
Que fez o meu filho suspirar
Quem é essa mulher
Que canta sempre o mesmo arranjo
Só queria agasalhar meu anjo
E deixar seu corpo descansar
Quem é essa mulher
Que canta como dobra um sino
Queria cantar por meu menino
Que ele já não pode mais cantar
Que canta sempre esse estribilho
Só queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar
Quem é essa mulher
Que canta sempre esse lamento
Só queria lembrar o tormento
Que fez o meu filho suspirar
Quem é essa mulher
Que canta sempre o mesmo arranjo
Só queria agasalhar meu anjo
E deixar seu corpo descansar
Quem é essa mulher
Que canta como dobra um sino
Queria cantar por meu menino
Que ele já não pode mais cantar
quinta-feira, março 01, 2007
Tenho que saber mais
Antes de dormir, na semana passada, vi um trecho final de uma reportagem sobre as últimas descobertas da neurociência acerca do sono e dos sonhos. Nossos sonhos, cujo tempo da narrativa pode ser desenvolvido em um segundo ou em milênios, acontece segundos antes do despertar.
Depois que soube disso, percebi que de fato acontece. E não é porque estou sugestionada, eu juro!
Mesmo assim, nada nos impedirá de continuar dizendo a frase:
Puxa, passei a noite sonhando com você, meu amor!
Depois que soube disso, percebi que de fato acontece. E não é porque estou sugestionada, eu juro!
Mesmo assim, nada nos impedirá de continuar dizendo a frase:
Puxa, passei a noite sonhando com você, meu amor!
Fortuna
Chega desse papo de que a vida vai se refazer.
Basta de tanta mensagem cristã de esperança.
Eu diferentemente do mundo crente, nado em desgosto.
Basta de tanta mensagem cristã de esperança.
Eu diferentemente do mundo crente, nado em desgosto.
Sonho oportuno
Eu tentei ligar várias vezes para ele. Foram muitas. Das primeiras vezes, não obtive quase sucesso algum. Ocupado, trabalhando. No final, quase na desistência, sua mulher me atendeu, mas não se identificou. Me falou para ligar para a casa dele, mais tarde. Anotei o número. Ele estaria lá. Liguei. Ela atendeu, pediu que eu fosse ao encontro deles. Tão rapidamente como um flash, toquei a campainha, ela abriu-me a porta, convidou-me para entrar. Onde ele está? Ele não está, me respondeu. Nós terminamos. Vou pedir o divórcio. Ela tem mais de 45, ele também. Penso que beiram ou já ultrapassaram os cinqüenta. O filho mais velho está há mais de dois anos na faculdade. Mas por quê? Estou cansada de saber que ele me trai. Vocês formam um lindo casal. Eu tenho muita admiração por você. Você é bem humorada, linda, loira, tem os olhos verdes. Ele te ama. Ama mesmo, mas me trai. Isso é verdade, se fosse você talvez não soubesse o que fazer. O que você tem com ele?, ela me perguntou. Nada. Nunca tive nada. Queria falar com ele para fazer-lhe um convite. Vou lançar um livro. Ela não parecia triste. Ele tinha deixado a casa fazia algumas horas. Eu a aconselhei. Eu fiquei triste. Não faça isso. Não jogue tudo fora. Ele não vai deixar de ser assim, é provável. Mas não sei dizer a você se é possível que os homens sejam de outra maneira. Se você está casada há tanto tempo, se sempre soube que ele era assim, por que agora, na idade em que está, você vai terminar tudo por conta de pequenas relações insignificantes? Continue como era, ligue para ele, convide-o a voltar. Não se encha de orgulho aos 50. Não vale a pena. Não há gravidade nessa vida. Siga, siga, apenas. Ela me ouviu e eu também me ouvi.
Para que buscar um sonho que já nasceu perdido?
Para que buscar um sonho que já nasceu perdido?
terça-feira, fevereiro 27, 2007
Viver a chantagem da morte
Já é muito difícil, e sempre foi, para muitas das culturas que conhecemos, lidar com a idéia de que nosso corpo e nossa mente parará um dia. É quase um tabu falar da morte, o tema nos incomoda, nos causa repulsa, sua presença, mesmo apenas como um tema em nossas vidas, parece um mau presságio. Bizarro.
Onde moro, não tenho somente que conviver com a idéia da morte como condição humana inexorável, mas também como um acidente que nos pode atingir a qualquer momento, não importa o cuidado que cada um tome consigo mesmo.
Os seres humanos aqui se matam muito facilmente e não gostam de pensar que são descuidados com os demais e que não se organizam de modo a elevar a vida de outros seres humanos. O que se diz no Brasil é que nos acostumamos à idéia de pobreza, de desigualdade social e de violência. Contamos com a sorte e com meia dúzia de seguranças particulares contratados para manter a paz em certos lugares.
Pensar nisso é bastante desagradável e significa dizer que vivemos em guerra. Uma guerra silenciosa, não declarada, cujas explosões são tratadas como tragédias que não podem se repetir e que comovem por uma semana a opinião pública nacional.
O fato é que convivemos com o medo, sentimento que poderia, por que não?, ser pontual em nossas vidas. Não é. E no caso do Brasil, não há como deixar de ser. Não caminhamos meio quarteirão sem pensar que podemos ser assaltados, atropelados, atingidos inesperadamente por um ato insano qualquer.
Mesmo que o problema tenha uma dimensão tão grande, e que nos seja tão fundamental resolvê-lo para que possamos viver a única vida que temos para viver, não há movimento nenhum - de e para parte alguma - que pretenda perceber o problema com vontade real de solucioná-lo. Todas as propostas, todas, sem exceção, são impraticáveis, absurdas, incoerentes, inoperantes, simples instrumentos produzidos por um pensamento manco, que não vão, repito, não vão, repito, não vão jamais sequer amenizar a desgraça que significa viver em uma cidade brasileira.
É preciso repensar tudo, todo o orçamento do país, todas as práticas de sociabilidade, todas as práticas de punição, todas as organizações sociais, todas as divisões em municípios, estados e regiões, se quisermos cuidar do outro, se quisermos por um só tempo, que é o tempo de nossas vidas, pensar em quem está ao nosso lado, na fila da padaria, no engarrafamento, no ponto do ônibus, no teto de cima do nosso apartamento. É preciso fazer isso ou aceitar viver a cotidiana e deprimente chantagem da morte.
Onde moro, não tenho somente que conviver com a idéia da morte como condição humana inexorável, mas também como um acidente que nos pode atingir a qualquer momento, não importa o cuidado que cada um tome consigo mesmo.
Os seres humanos aqui se matam muito facilmente e não gostam de pensar que são descuidados com os demais e que não se organizam de modo a elevar a vida de outros seres humanos. O que se diz no Brasil é que nos acostumamos à idéia de pobreza, de desigualdade social e de violência. Contamos com a sorte e com meia dúzia de seguranças particulares contratados para manter a paz em certos lugares.
Pensar nisso é bastante desagradável e significa dizer que vivemos em guerra. Uma guerra silenciosa, não declarada, cujas explosões são tratadas como tragédias que não podem se repetir e que comovem por uma semana a opinião pública nacional.
O fato é que convivemos com o medo, sentimento que poderia, por que não?, ser pontual em nossas vidas. Não é. E no caso do Brasil, não há como deixar de ser. Não caminhamos meio quarteirão sem pensar que podemos ser assaltados, atropelados, atingidos inesperadamente por um ato insano qualquer.
Mesmo que o problema tenha uma dimensão tão grande, e que nos seja tão fundamental resolvê-lo para que possamos viver a única vida que temos para viver, não há movimento nenhum - de e para parte alguma - que pretenda perceber o problema com vontade real de solucioná-lo. Todas as propostas, todas, sem exceção, são impraticáveis, absurdas, incoerentes, inoperantes, simples instrumentos produzidos por um pensamento manco, que não vão, repito, não vão, repito, não vão jamais sequer amenizar a desgraça que significa viver em uma cidade brasileira.
É preciso repensar tudo, todo o orçamento do país, todas as práticas de sociabilidade, todas as práticas de punição, todas as organizações sociais, todas as divisões em municípios, estados e regiões, se quisermos cuidar do outro, se quisermos por um só tempo, que é o tempo de nossas vidas, pensar em quem está ao nosso lado, na fila da padaria, no engarrafamento, no ponto do ônibus, no teto de cima do nosso apartamento. É preciso fazer isso ou aceitar viver a cotidiana e deprimente chantagem da morte.
Amor
Ainda que eu passe o dia pensando que nosso amor não é verdadeiro, quando chega a noite, me cai em cima todo o peso da saudade que sinto por você.
segunda-feira, fevereiro 26, 2007
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
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