domingo, setembro 23, 2007

Diálogos climáticos: as conclusões de Raúl

É de manhã, estamos nos preparando para sair, Raul abre a janela (sabe que não pode, mas a abre mesmo assim):

- Mamãe, mamãe!!! Hoje não está quente nem frio!
- Como assim, Raul?
- O tempo está natural!

quinta-feira, setembro 20, 2007

Saudade

Sinto
forte
de dia
de noite
agora
antes
fraca
depois
na cama
sinto
exagerada
sozinha
saudade
de você.

Eu
te
amo.

Querida - Tom Jobim

Longa é a tarde, longa é a vida
De tristes flores, longa ferida
Longa é a dor do pecador, querida

Breve é o dia, breve é a vida
De breves flores na despedida
Longa é a dor do pecador, querida
Breve é a dor do trovador, querida

Longa é a praia, longa restinga
Da Marambaia à Joatinga
Grande é a fé do pescador, querida
E a longa espera do caçador, perdida

O dia passa e eu nessa lida
Longa é a arte, tão breve a vida
Louco é o desejo do amador, querida, querida
Longo é o beijo do amador, bandida
Belo é o jovem mergulhador, na ida
Vasto é o mar, espelho do céu, querida, querida
Querida

domingo, setembro 16, 2007

Brigas nunca mais

Você não quer brigar nem ser infeliz.
Não ser infeliz já não é questão.

Você já nem pensa nesses termos.
Colocou ali na primeira frase,
pura força do hábito, só isso.

Você apenas não quer brigar,
nem acredita que possa
ou mesmo que queira.

Um ar blazé de quem crê
que não vale a pena, que pena!
Ele não vale nada

Nem mesmo o trocadilho bobo
e clichê de que ele simples-
mente não vale a pena

Você já sabe disso
Mas há dias que adia
Anda assim lentamente.

Você não quer discutir
Ao menos falar com ele
Dirigir ou ouvir-lhe a fala.

A questão não é ser feliz
Você já nem pensa nesses termos.
Então, não responda! Não se finja de louca!

Seja!

Por que se martirizar?

Há pessoas que se martirizam, não sabem ao certo por que razão, mas se martirizam. Fazem, aceitam, agem segundo aquilo que elas mais detestam, como se esse agir pudesse lhes fazer bem ou fazer bem aos outros. Devem, isso é certo, refletir um pouco mais em relação a isso, isso é certo. Devem mesmo, antes de aceitar o martírio, aprender a reagir às situações que prenunciam o martírio; devem, enfim, aprender a prever ocasiões vexaminosas.

Eu sou uma dessas pessoas que não sabem agir em função de prever o martírio. Já não tenho 18 anos, depois de amanhã farei 31 e sei cada vez melhor distinguir aquilo que me faz bem daquilo que me faz mal. Fico tentando raciocinar, refletir, perceber, sentir, prever; mas confesso, é difícil! Vez por outra caio em situações tão desagradáveis a ponto de mudar o meu humor completamente. É, deve ser mesmo, deve ser mesmo tudo o que pensei, deve ser tudo isso, e isso é tudo e esse tudo é nada, tão insignificante e pequeno que não vale a pena, exatamente como antes eu havia pensado, como tenho sentido há tanto tempo, como se faz verdade constante, como é, como é, tão simples assim, como é...

Aos dezoito anos não tinha dúvida de que isso era verdade, e por isso era tão rebelde. Como não vivi, não experimentei, precisei fazê-lo depois, agora recentemente, e essa vida toda que tenho levado, essa experiência toda que tenho tido só me mostra, só me mostra o que já vi há tanto tempo e que deixei de ver, tentando ver outra coisa, esquecendo que já tinha visto, mas por quê? para desconfiar da sabedoria da menina, para impor o respeito à maturidade, boba de mim, boba...era tudo brincadeira e experimentação, sabida que eu era, e teimosa de burra, a vida, querida, não precisa ser testada, não faça isso com você, não se martirize tanto, você está no caminho certo. Siga!