terça-feira, março 07, 2006

Passei hoje mais de quatro horas dentro de uma livraria com a organização mais louca que já vi. Lá todos os títulos estavam agrupados por editora, não por tema. O que posso pensar de um lugar como esse? Não é um lugar onde eu possa descobrir autores que falem sobre o mesmo tema, perceber que há mais de um ponto de vista. Aquele lugar era um depósito de livros. O que importava, me disse a vendedora, era o fluxo de saída dos livros, a prestação de contas com as editoras. Ela me falou que a função delas era encontrar o livro que eu estava procurando. O que ela queria me dizer, em outras palavras, era que eu não podia entrar lá se não tivesse um objetivo definido, um nome de autor, um nome de um título e um nome de editora. Que horror! Passei horas tentando encontrar livros de poetas novos, livros de mitologia, livros de autores que não são exclusivos de uma editora. Se Carlos Heitor Cony, por exemplo, tinha um contrato com a Ediouro na década de 70 e 80, hoje ele tem um contrato com a Companhia das Letras. Seus livros não estão todos reunidos numa prateleira. Estão em prateleiras opostas, em salas diferentes, tão distantes um do outro. Procurei um livro de Bertrand Russel, que se chama A conquista da Felicidade, numa estante da Filosofia, não estava. O vendedor com desdém me disse que se houvesse estaria junto com os livros da editora não sei das quantas. A editora não sei das quantas estava junto de livros técnicos de medicina e física. A editora que produz os livros esteticamente mais bonitos do Brasil, a Cosac&Naïf, estava no canto perdido de uma estante, bem em frente a outra, onde mal se podia acessar, mesmo que a pessoa se dispusesse a se agachar como eu, a quase se deitar no chão, a se lambuzar na poeira acumulada daquela minúscula passagem que mal abriga uma vassoura de piassava.

Saí de lá triste. Não encontrei o que eu queria, não fui ao lugar que queria, não tive a atenção que queria. Não temos em Fortaleza uma livraria boa, com os requisitos mínimos de uma livraria. E olha que estou falando da livraria que fica no centro mais rico da cidade, a Livraria ao Livro Técnico, na Dom Luís.

Antes, havia estado em duas lojas no Shopping Aldeota. Uma de perfumes e uma de roupa de grife. Com que atenção fui recebida! Que educação possuíam os vendedores. Com que delicadeza e paciência me atendeu a vendedora da loja de roupas.

Não tenho nada hoje. Um vazio. Só um vazio.

4 comentários:

Anônimo disse...

Que absurdo Elis! Organizar livros por editoras!!! Nunca tinha visto isso.
Da próxima vez me leva contigo porque no mínimo teria alguns argumentos técnicos relevantes que provavelmente não mudariam nada nesse lugar, mas fariam um barulhinho necessário. Ainda consigo acreditar na força dos questionamentos... Será uma tolice?

Beijos querida.

Anônimo disse...

"É sempre bom lembrar que um copo vazio está cheio de ar..."

Anônimo disse...

Really amazing! Useful information. All the best.
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Anônimo disse...

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