sexta-feira, março 24, 2006

Três da Madrugada

Carlos Pinto e Torquato Neto

Três da madrugada, quase nada
A cidade abandonada
E essa rua não tem mais nada de mim

Nada
Noite, alta madrugada
Nessa cidade que me guarda
Que me mata de saudade

É sempre assim

Triste madrugada, tudo e nada
A mão fria, a mão gelada
Toca bem de leve em mim

Saiba:
meu pobre coração não vale nada
Pelas três da madrugada
Toda palavra calada

Nessa rua da cidade
Que não tem mais fim


* * *

Quando há muitos anos, voltava para casa, numa noite úmida e fresca como a de hoje, costumava ligar o som do meu carro e ouvir essa canção linda, interpretada por um grupo que não mais existe, chamado Nouvelle Cuisine.

Quando voltava para além das três da madrugada, ouvia uma outra, da Dolores Duran e do Tom Jobim, chamada Estrada do Sol.

É de manhã vem o sol
Mas os pingos da chuva
que ontem caiu

Ainda estão a brilhar
Ainda estão a dançar
Ao vento alegre
Que me traz esta canção

É de manhã vem o sol
Mas os pingos da chuva
que ontem caiu

Ainda estão a brilhar
Ainda estão a dançar
Ao vento alegre
Que me traz esta canção

Quero que você me dê a mão

Vamos sair por aí
Sem pensar no que foi
que sonhei
Que chorei, que sofri

Pois a nossa manhã
Já me fez esquecer
Me dê a mão
vamos sair pra ver o sol

Naquela época, talvez fosse recorrente voltar para casa no tempo chuvoso, também chuvosa por dentro. Meus problemas eram de outra ordem e lembro-me bem de me sentir com mais freqüência triste do que atualmente. Era a tristeza da adolescência, da ansiedade do que estava por vir, da incerteza do amor.

Hoje eu ainda choro. Acho importante conservar esse sentimento, para nunca ter a dificuldade em distinguir uma situação feliz de uma triste. Há adultos que se tornam indiferentes a tudo, o mundo, para eles, é monocromático.

Minha tristeza não é de adolescente, mas é provável que aconteça pela mesma razão. A ansiedade do que está por vir e a incerteza do amor.

3 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Elis. Eu sei que você está triste e isso é uma coisa ruim, muito ruim. Nós não temos intimidade, então não tenho escrito a respeito disso, embora fique sempre tocada com os seus textos. Mas, não posso deixar de dizer que você escreve tão bem sobre a sua tristeza, que ela até fica bonita na sua narrativa. Bonita como um dia de chuva, que é triste (melacólico, pelo menos), mas muito bonito. Um beijo. Clio.

Anônimo disse...

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