segunda-feira, abril 10, 2006

No salão do nosso Castelo, de costas para mim, apoiado na lareira.

Sonhei que você chegava. Eu estava a me preparar para o encontro. Na cozinha, pela porta entreaberta, via-o entrar no salão, sentar-se no sofá e me esperar. Minha criada, num frisson sem medida e em meio a fofoca com as outras três criadas do Castelo, me dava os retoques finais para que eu me apresentasse da maneira mais bela possível.

Entrava na sala, sabia que elas me espreitavam para ver o desenrolar. Você se levantava do sofá Luís XV, dava voltas ao redor da mesa. Não me percebera. Nosso salão em estilo clássico era enorme. O pé direito alto guardaria o eco de nossas palavras. O teto trabalhado com detalhes em ouro, cenário quase barroco. Você se apóia na parede lateral da lareira. Vira-se e me vê. Nenhum sorriso, nenhum abraço esfuziante. Um olhar de preocupação. Minha timidez levou-me a abaixar a cabeça.

Outra vez vejo-o de costas, inexplicavelmente sem camisa. De forma simétrica, você tem bem embaixo das costelas duas manchas, como duas feridas enormes, cobertas por uma massa cinza que lembrava argila. Descobertas, bem em cima destas feridas, marcas de quem foi machucado cruelmente. Simétricas.

Sinto pena e dó. Tento saber a razão. Não há. Você não sabe, desconhece. Quero cuidá-lo. Meu ímpeto e amor vão apenas nesta direção. E isso é muito.

Acordei.

3 comentários:

natércia pontes disse...

oi elis!
essa do shakespeare já entrou no meu armário de citações para ser vestida em noite de gala. ui!

e que lindos seu filhote!
beijossss

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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